Ministério das Relações Exteriores afirma que a medida contra o secretário-geral da ONU
prejudica os esforços por um cessar-fogo no Oriente Médio


Lula e Guterres (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

 O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota oficial nesta quinta-feira (3) expressando condenação à decisão do governo de Israel de declarar o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, "persona non grata". A medida, anunciada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, foi classificada pelo Itamaraty como prejudicial aos esforços diplomáticos por um cessar-fogo imediato no conflito que se desenrola no Oriente Médio.

No comunicado, o governo brasileiro ressalta que a decisão do governo israelense "prejudica fortemente os esforços da Organização das Nações Unidas em favor de um cessar-fogo imediato na região". A declaração foi feita em um momento de escalada do conflito no Líbano, que já causou cerca de 2 mil mortes, entre civis e integrantes do grupo militante Hezbollah, além de deixar mais de 6 mil feridos, de acordo com dados do Ministério da Saúde libanês.

A reação do Brasil se alinha à postura do país em favor do diálogo e da diplomacia, reafirmando a importância da ONU como mediadora em conflitos internacionais. A ação de Israel em relação a Guterres foi recebida com preocupação por parte de diversos líderes globais, que temem que o episódio possa comprometer ainda mais as já delicadas negociações para um cessar-fogo.

O Itamaraty destacou, ainda, que a ONU desempenha um papel essencial na busca por uma solução pacífica e que atitudes que minam a atuação da organização internacional são contrárias ao espírito de cooperação multilateral. "O governo brasileiro lamenta e condena a decisão do governo de Israel", reiterou o Ministério das Relações Exteriores.

Leia a íntegra do comunicado.

“O Governo brasileiro lamenta e condena a decisão do governo de Israel, anunciada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, de declarar o secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, como “persona non grata”.

Tal ato prejudica fortemente os esforços da Organização das Nações Unidas em favor de um cessar-fogo imediato no Oriente Médio, da libertação imediata e incondicional de todos os reféns e de um processo que permita a concretização da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital.

O ataque do governo de Israel a uma Organização que foi constituída para salvar a humanidade do flagelo e atrocidades da II Guerra Mundial e para proteger os direitos humanos fundamentais e a dignidade da pessoa humana não contribui para a paz e o bem-estar das populações israelense e palestina e afasta a região de uma solução pacífica.

Ao manifestar sua solidariedade ao Secretário-Geral António Guterres, o Brasil reafirma a importância das Nações Unidas, notadamente de sua Assembleia Geral e de seu Conselho de Segurança, nos esforços pelo cessar-fogo e por uma solução de dois Estados.”

Fonte: Brasil247