Custo de mão de obra puxa o INCC — Foto: Canva

 A escassez de mão de obra está pesando sobre os custo da construção e a confiança dos empresários do setor. É o que mostram os indicadores divulgados, nesta quarta-feira, pelo FGV Ibre. O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), que mede a inflação do segmento, subiu 0,61% em setembro, puxado pela aceleração dos custos laborais, que variaram a 0,64% no mês. Em 12 meses, o índice acumula 5,23%, a maior desde maio de 2022. A taxa está bem acima da variação do IPCA-15, que no mesmo período foi de 3,15%.

O indicador de demanda para os próximos três meses, apurado pelo Índice de Confiança da Construção, subiu 2,4 pontos, para 100,6 pontos, em contrapartida, o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses caiu 4,1 pontos e foi para 93,6 pontos. A falta de trabalhadores qualificados foi apontada pelos empresários como entrave para o desenvolvimento de negócios futuros. As dificuldades com mão e obra somada ao início do ciclo de alta de juros estão entre os fatores que levaram a uma redução de 0,9 ponto no Índice de Expectativas (IE-CST) setor, que foi para 97,01.

Na avaliação de Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV IBRE, a falta de mão de obra atrelada a uma demanda por mais sustentabilidade nos processos do setor devem impulsionar a modernização e industrialização da construção.

- Essa discussão começou a ser em feita em 201-2013, mas perdeu tração com a crise econômica. Pesquisa que fizemos recentemente mostra um baixo nível de industrialização no setor. Hoje a necessidade de aumento da produtividade e sustentabilidade dão novo impulso ao debate, que já está incorporado pelas entidades, mas ainda é implementado de maneira muito desigual nesse mercado que é muito pulverizado e diverso. O fato é que esse é um investimento que terá de ser feito - explica.

Ana pondera que o ganho de produtividade, levará a construções em prazos mais curtos, o que demandará uma rediscussão do financiamento do setor:

- Hoje quem compra um imóvel na planta paga por dois anos o incorporador e depois vai para o crédito bancário, se o prazo de entrega for mais curto, os dois financiamentos vão se sobrepor, essa é uma discussão que terá de ser feita, um novo modelo de financiamento da construção.


Fonte: O GLOBO