Porto Velho, Rondônia - Nos últimos meses, gigantes da mídia têm enfrentado um dilema sobre a adoção da inteligência artificial (IA). Barry Diller, CEO da IAC (InterActiveCorp), que há um ano incitava litígios contra a tecnologia, agora firmou um acordo com a Microsoft e a OpenAI, a gigante criadora do ChatGPT. O pacto permite que a OpenAI acesse arquivos da IAC em troca de links que direcionam tráfego de volta para as matérias originais.

Em abril do ano passado, Diller alertava sobre o risco de a IA “reembalar” conteúdos, ameaçando a existência da publicação tradicional. Hoje, ele defende que o novo acordo proporciona “compensação direta” pelo conteúdo, enquanto continua a proteger as leis de direitos autorais contra outras empresas.

Outras empresas, como a Associated Press, também aderiram à IA, permitindo que a OpenAI acesse seu banco de notícias em troca de benefícios tecnológicos. Companhias como a Le Monde na França e a Prisa Media na Espanha têm explorado a IA para melhorar experiências de conteúdo e alcançar novos públicos.

Enquanto alguns adotam a tecnologia, outros, como o The New York Times, mantêm a resistência. Em dezembro, o jornal processou a OpenAI e a Microsoft por violação de direitos autorais, alegando que milhões de seus artigos foram usados para treinar modelos de linguagem, competindo diretamente com o jornal por leitores e tráfego na web. Em resposta, a OpenAI afirmou que a ação judicial é “sem mérito” e que a empresa apoia e cria oportunidades para organizações de notícias.

Em janeiro, o CEO da Salesforce e dono da revista TIME, Marc Benioff, esquentou o debate sobre a ética na IA no Fórum Econômico Mundial em Davos. Benioff acusou a OpenAI de roubo de propriedade intelectual, afirmando que “todos os dados de treinamento foram roubados” de veículos como a TIME e o New York Times. Sam Altman, CEO da OpenAI, rebateu, dizendo que os dados de treinamento não são tão valiosos quanto os proprietários acreditam e destacou que sua empresa está disposta a remunerar publicações por conteúdo utilizado.

A questão da IA no jornalismo não se limita às disputas judiciais e parcerias comerciais. Instituições como o Reuters Institute estão ampliando suas pesquisas e debates sobre o uso da IA na mídia, buscando entender como a tecnologia pode ser implementada de forma ética e eficaz. O instituto pretende focar em evidências empíricas, engajamento com profissionais do jornalismo e expansão das discussões sobre IA envolvendo desde cientistas da computação até o público em geral.

A indústria de mídia está dividida entre parcerias tecnológicas que prometem inovação e a proteção de direitos autorais e modelos de negócios tradicionais. A evolução desse cenário determinará o futuro do jornalismo em uma era dominada pela IA.

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Fonte: O Antagonista